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Google Wave já morrendo na praia?

14 anos atrás

Dia desses o Google liberou milhares de convites do Wave, e com mais gente testando a ferramenta (inclusive eu), as opiniões, críticas e reclamações da nova ferramenta de trabalho colaborativo começaram a surgir.

Minha opinião: o Google Wave passa por uma crise de identidade ainda. Ou, então, o conceito do Google Wave é tão avançado que ninguém conseguiu captá-lo muito bem. Outra hipótese: o sistema é conceitualmente falho, e cairá no esquecimento, sendo lembrado apenas como um exemplar overhyped.

O Google anunciou o Wave como “o e-mail, caso ele fosse inventado hoje”. Essa pegada de e-mail é facilmente percebida ao acessá-lo pela primeira vez. São facilmente notados, também, influências do Google Talk (bate-papo), Grupos (lista de discussão) e alguns outros web services exaustivamente usados em nosso cotidiano.

google_wave_logo Na teoria, tinha tudo para dar certo. Mas essa crise de identidade mata todas as possibilidades de aplicação da ferramenta. Uma série de erros estruturais, como a “importação” compulsória da lista de contatos do Gmail (que é uma bagunça por natureza), ações óbvias inexistentes ou escondidas, falta de controle, dentre outras, acabam com a graça do negócio. É difícil manter o foco numa coisa só, aquela sensação de bagunça que comentei no outro texto, e disse, lá mesmo, inexistir, na realidade existe. Só errei o alvo: ela não reside no visual, mas sim no uso.

Robert Scoble, figurinha fácil da web americana, também não foi com a cara do Wave, e após extravasar isso num post e ser contestado por muitos leitores, pôs os pingos nos ís e explicou, detalhe a detalhe, o que faz do Wave uma ferramenta improdutiva e, nem de longe, substituta do e-mail – mais ou menos o que escrevi, de forma bem resumida, nos parágrafos acima.

Gina Trapani, fundadora do Lifehacker, compilou uma lista de opiniões colhidas no Twitter sobre o Wave. Muita gente cética e decepcionada com a ferramenta, uns poucos esperançosos (e muitos deles ainda sem acesso ao serviço).

Para tentar explicar melhor ao mundo a maravilha que o Wave é (ou deveria ser), o Google encomendou um vídeo ao Epipheo, daqueles engraçadinhos/desenhados, estilo CommonCraft. Ficou legal, vejam:

Legal, mas não sei se suficiente para moldar a imagem do serviço – que já não apresenta o mesmo brilho aos olhos da comunidade do período “fechado”.

O Google Wave morrerá na praia? É cedo para dizer. Ele falha como substituto do e-mail, transforma sua vida num inferno dependendo da quantidade de waves assinadas, mas dali algo pode sair, principalmente no que toca à API. Já existem sisteminhas e bots que fazem várias coisas, e dali pode sair o redentor do Wave, o que, mesmo que aconteça, soa estranho – em regra, o serviço original faz sucesso, e os complementos apenas… o complementa! Vide o caso Firefox e extensões.

Nos acostumamos a esperar, do Google, sempre o melhor. Mas nos esquecemos de coisas que não emplacaram. Uma das mais traumatizantes de que me recordo é a primeira versão do hoje excelente Google Reader. Sério, era impossível de ser usada, de tão ruim. Ver o Wave nascer de maneira tão conturbada coloca uma grande interrogação acima do serviço: será mais um caso de serviço que demora um pouco para emplacar, ou mais um para a coleção de ideias que, inovadoras ou não, simplesmente não deram certo?

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