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O mundo precisa de um tablet da Apple?

14 anos atrás

Joe Wilcox já escreveu em vários sites gringos de tecnologia. Atualmente mantém uma coluna no BetaNews, e logo de cara, no comecinho de 2010, antes mesmo da CES, primeiro grande evento relacionado à informática do ano, chamou a atenção.

Num texto intitulado “O mundo não precisa de um tablet da Apple, ou de qualquer outo”, Wilcox descreveu, nos mínimos detalhes, o que pensa sobre a sensação do momento, o tablet da Apple, também conhecido por aí como iSlate. No post, ele diz que a quantidade de rumores atingiu níveis ridículos (com o que temos que concordar), que tudo não passa de hype e que, caso seja lançado mesmo, o tablet da Apple será mais um produto de nicho que não venderá nada – mais ou menos como foi o Power Mac G4 Cube, no início da década.

Muitos discordam do pensamento de Wilcox, mas pensando friamente, há um fundo de verdade em suas declarações. Algum tempo depois de publicar seu artigo, ele o atualizou com a seguinte declaração de John Gruber: “se você já tem um iPhone e um MacBook, por que quereria um desses?”. Um tablet não é um produto de apelo popular, e a história mostra isso. Desde o Windows XP a Microsoft suporta tecnologia touchscreen, e por várias vezes tentou emplacar esse segmento de mercado – ou já se esqueceram do Project Origami? Estão tentando, mais uma vez, agora apoiando-se no multitouch do Windows 7, mas quem garante que dará certo e a tecnologia se tornará popular? Nem Ballmer num dia de muito otimismo tem tanta confiança assim.

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O único ponto falho na argumentação de Wilcox, na minha modesta opinião, é duvidar da capacidade da Apple de criar algo que, mesmo sem muita razão, torne-se “essencial”. O tal “campo de distorção da realidade” funciona, macmaníacos early adopters comprariam qualquer coisa que saísse de Cupertino, a crítica colocaria o gadget num pedestal, e, a bem da verdade, muito provavelmente com razão. Sejamos francos: quem dava conta de que o iPhone se tornaria o sucesso que é hoje? Ballmer desdenhou, mas hoje a Microsoft corre atrás do prejuízo e, com o Windows Mobile 7 prometendo muito, mas ainda longe de ser lançado, vê sua participação no mercado mobile seriamente ameaçada. Resumindo, a Apple tem crédito.

O post de Wilcox soou como xingar a mãe para alguns outros bloggers. Scoble e MG Siegler (TechCrunch) imediatamente saíram em defesa do ora inexistente tablet da Apple, no que, considero, reações exageradas e até indelicadas em relação ao Joe. O título do do TechCrunch é “O mundo não precisa de alguém nos dizendo o que não precisamos em tecnologia”. Beleza, fecha o TechCrunch, então. Scoble ironizou a opinião do colega mostrando várias aplicações embarcadas de telas que lembram tablets, algo mais ou menos como dizer que uma máquina de passar cartão é extremamente necessária em casa só porque as vemos e as utilizamos muito em ambientes específicos (lojas, postos de gasolina, etc.).

Ratificando: não digo que o iTablet, iSlate, ou seja lá qual for o nome do tablet da Apple, caso seja lançado, será um fracasso. Pelo contrário, acho que ele tem sérias chances de revolucionar, tal qual fez o iPod e, mais recentemente, o iPhone. O que me espanta é a atenção exacerbada e dispensável que a mídia dá ao tema, publicando uma nota a cada novo rumor, por mais descabido e/ou sem fundamento que seja, e promovendo uma caça às bruxas, ou melhor, aos que falam mal do (novamente) sequer anunciado produto.

Mais razão, menos coração, pessoal…

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