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Você é brasileiro? Parabéns, você é considerado escória digital.

Brasileiros são descritos com alguns adjetivos nada agradáveis quando se trata de comportamento e netiqueta. Vermes, baratas, vírus, gafanhotos, pestes, doenças… sim, é isso que muitos estrangeiros, de várias partes do mundo nos descrevem. E o pior é que muitos deles tem razão.

17 anos atrás

Vamos direto ao assunto: brasileiros são descritos com alguns adjetivos nada agradáveis quando se trata de comportamento e netiqueta. Vermes, baratas, vírus, gafanhotos, pestes, doenças… sim, é isso que muitos estrangeiros, de várias partes do mundo nos descrevem.

E o pior é que muitos deles tem razão: sempre com exceções, nos tornamos gafanhotos digitais, quando o ambiente é favorável.

Moardib_Gafanhoto_Digital

Vejamos nos mundos de jogos online, e mundos persistentes, cada vez mais comuns. Os brasileiros são notórios por trapacear nos jogos. É claro que todas as nacionalidades trapaceiam. A Blizzard faz banimentos regulares de milhares de contas.

Mas os “brazucas” são mestres em clonagem de itens, virar um deus, munição ilimitada ou qualquer outra vantagem que nos descrevam como wankers, ou seja, um ser detestável e odiável.

Atraídos pela vantagem anti-competitiva

Mas nem todos são assim. Quando eu escrevi um post sobre como o Steam era mal implementado, vários saíram em sua defesa por um simples motivo: mesmo com o overhead de consumo de memória e processamento, estavam cansados da mesma raça que arruinou outras experiências de jogos online, os próprios compatriotas, que sofrem de algum desvio de comportamento social e conseguiam magicamente 100% de headshots, sempre saber onde você estava escondido ou de onde estava vindo. São os scripts de auxílio de mira, invisibilidade de paredes, detector de presença, etc. Tudo ilegal e a quantidade de gente que perdeu a chave aqui no Brasil é impressionante. É só olhar os fórums dos jogos.

Um amigo meu, anos atrás, mostrou vários tópicos em um fórum de Ultima Online e foi quando notei algo estava errado. Eram vários jogadores, das nacionalidades mais variadas, discutindo como lidar com o “brazilian problem”. Nós éramos considerados o pior tipo de sujeito que pode-se encontrar na vida online. Alguns donos de servidores baniram o Brasil para reduzir a quantidade de gente que só sentia prazer não em aventurar-se ou fazer amizades, mas matar os outros jogadores, os famosos PK, sigla de Player Killer.

E não ache que são apenas adolescentes que fazem isso. Eu vi adultos, morrendo de rir por matar e roubar itens de jogadores indefesos. E criaram histórias complexas para os eu-párias no jogo. Muitas vezes, criam dois personagens, pois um deles é tão ruim que não pode entrar em cidades. A idéia de diversão de um PK é ficar espreitando uma rota ou uma área onde existem jogadores novos, mal equipados e matá-los, roubá-los ou simplesmente ameaçar, cobrando dinheiro ou itens para que nada seja feito. Ou seja, o brasileiro foi, em vários servidores, a nacionalidade mais banida.

Impunidade cultural

Sendo justo com os brasileiros, não fomos os inventores nem dos campers nem nos player killers, mas o poder em estragar o dia de alguém e sair ileso, sem penalidade alguma, é tentador demais. Em pouco tempo, os brasileiros formaram verdadeiros clãs especializados em estragar o jogo dos outros. Começava com um pequeno grupo, que vai chamando os amigos e são sempre vítimas de algum gringo malvado que não entendeu o que ele tentou balbuciar e disse pra deixá-lo em paz, como mendigar itens o tempo todo. A invasão era feita fora da esfera do jogo, nos fórums e canais de chat. A regra é clara: servidor internacional, fale inglês. Por algum motivo, a insistência em só falar em português é irritante até com quem quer fazer amigos no exterior e usar o TeamSpeak ou Ventrillo para praticar inglês.

Conheço alguns donos de servidores e pelo que me dizem, os brasileiros estão no topo da lista dos mais banidos. As explicações se repetem com uma freqüência assustadora:

  • incomodam e matam novos jogadores;
  • nunca ajudam ninguém e ainda atrapalham os outros;
  • não falam inglês e nem tentam entender as regras mais básicas;
  • constantemente desrespeitam outros jogadores;
  • fazem piadas sobre terrorismo;
  • gritam palavrões para o servidor inteiro;
  • 80% trapaceiam com duplicação de itens, roubo de itens no momento de troca e usam de artimanhas para conseguir alguma vantagem qualquer;
  • quase todo brasileiro cria um ladrão ou ladino e tenta agir à margem das regras.

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Quem viu trapaceiros em jogos de Counter-Strike levante o mouse. Sim… uma verdadeira praga. E era muito pior em servidores nacionais do que estrangeiros. Inclusive, vários revelaram seus truques e trapaças ao saberem que eu era brasileiro. Se é brasileiro, é parceiro no crime, certo? Errado e vários daqueles larápios foram denunciados e banidos. Alguns apelidos meus provavelmente jamais serão usados novamente.

Pobre Orkut e Fotolog

O Orkut e o Fotolog mudaram, para pior, por causa dos gafanhotos brasileiros. A rede de relacionamentos do Google foi tomada de assalto por verdadeiras gangues e virou caso de polícia, com quadrilhas de classe média, que estudaram em escolas particulares e universitários. Um perfil totalmente diferente do bandido de favela, como exibido em Cidade de Deus.

O Fotolog era uma iniciativa pessoal, pago por pessoa física e quando os brasileiros descobriram o serviço gratuito, virou queridinho nacional. A onda foi tão grande que o custo, apesar de ser zero para quem usava, ficou alto demais para quem hospedava. Resultado do pedido de ajuda? Zero. O motivo? Não tenho dinheiro para pagar 5 dólares/mês para um gringo sangue-suga e como o Cardoso disse, até o salário mínimo do Brasil entra como desculpa. Ninguém no Brasil teve a mesma iniciativa, porque não compensa financeiramente.

A grande discussão é se isso tornou-se um reflexo da nossa sociedade. Pessoalmente, somos um povo sociável e amigável. No anonimato da Internet, comportamo-nos como psicopatas anti-sociais digitais, destruindo tudo a sua volta e alterando o ambiente para a bagunça generalizada a ponto de sermos isolados e contidos para não estragar a festa dos outros.

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